sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ela já deve estar chegando... Espero estar apresentável. Dentes, cabelo, desodorante, perfume. É, acho que está tudo certo. Só pode estar... Será que estou esquecendo de algo? O que vou conversar com ela? Ah, aconteceu bastante coisa essa semana. Acho que assunto não vai faltar. Legal. Lá está ela. De frente ao jogo de xadrez ela parece tão culta... Espero que esteja bem. Me aproximo? Claro, claro. Lá vamos nós. Ela nem me notou ainda. Uma tossida? Uma limpada discreta na garganta para demonstrar presença? É.
Deus, sinto-me estranhamente patético agora. Deus, ela me olhou. Me viu. Levantou. Lá vem ela. Lá vem.

- Oi.
- Oi, guria. Como é que tá?
- Está atrasado. Vamos jogar?
- Claro, claro.


Lá vamos nós. De frente ao tabuleiro de xadrez. Começou. Ela ficou concentrada novamente, começou o jogo, moveu a peça, mal me olha direito. Como é delicada sua forma sútil de jogar. Fica discreta, parada em um canto, parece insegura embora um tanto concentrada... Deve estar pensando em tanta coisa. Minha vez. Movi minha peça quase que sem pensar. Não me importo. Quero que ela ganhe, quero apenas vê-la achando que ganhou por esforço e blá, blá, blá. Lá vai ela, ficar concentrada novamente. Mal me olha. Isso chega a me deixar levemente incomodado. Ao mesmo tempo que nos encontramos, nos perdemos tanto. Na próxima vez não marco mais xadrez... Quem sabe algo que a distraia menos. Já sei! Aquele restaurantezinho de esquina com a Frei C. Certeza.


- Então, como vai o trabalho?
- Bem.


Ela voltou a se concentrar. Quase não ouviu minha pergunta. Nem ao menos se interessou pelo bem estar do próximo... Será que está acontecendo algo? Dúvido. Aposto que não. Relaxe. É apenas o jeito dela mesmo. Isso. Jogou mais uma peça... Já comeu 5 das minhas.
Incrível, chego a ter ciúmes do tabuleiro. Queria que ela me olhasse com tanta atenção da mesma forma que olha para esse caralho de tabuleiro. Olhe, olhe, olhe... Olhou! Abaixei o olhar. Mas que diabos estou fazendo?


- Hahaha, nem parece que está se concentrando, Magnos.


Não estou mesmo, flor. E vai ser assim que vai terminar, como todas as outras vezes, Não trocaremos uma só palavra, voltaremos para o cenário diário como colegas, simples amigos que se reúnem apenas para uma partida de xadrez ou baralho. Só. Somente isso. O que mais eu estava querendo? Ela não espera mais nada de mim. Mal sabe o tanto que a desejo e que a quero bem... Só por Deus...

Ele me deixou ganhar novamente. Certeza. Odeio quando ele faz isso. Ele poderia ao menos tentar se esforçar para me derrotar. Odeio esse gostinho de vitória comparada. Assim eu realemnte não gosto de ganhar... O que será que deu nele?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Coisa de taurino

Achei engraçado. Alguns professores têm a memória fraquíssima para rostos; enquanto alguns decoram seu nome, lugar que senta e grau de dificuldade com a matéria, outros nem ao menos se recordam de já terem conversado com você alguma vez na vida - a menos que você tenha discutido em aula ou que o tenha ''espetado'' de alguma forma, mesmo sem ter essa intenção. Aposto que há algumas semanas o professor nem se recordava de Fernando Savater - não desmerecendo o meu Fernandinho, claro! - mas lembro-me que perguntei ao professor se ele tinha algum livro que tratasse de amor e filosofia... Ele ficou pensativo por alguns instantes e eu disse que costumo ler 82678362 vezes os livros de Savater. Se houvesse a possibilidade de surgir aquelas lâmpadas de HQ's em cima de nossas cabeças na realidade, podem ter certeza que meu professor teria uma daquelas bem naquele momento - uma bem grande por sinal! Enfim, o caso é a lâmpada imaginária brotou na cabeça de meu professor, iluminando sua pose de velho intelectual - ele é aquele tipo de velhote que é tão inteligente que chega a ser maravilhoso - ou talvez o meu gosto por filosofia entorpece a minha visão...
Então, no fim, ele se recordou de um livro do Fernandinho (!!!): ''Ética com amor-próprio'' , disse que até me emprestaria e blá, blá, blá...
Na aula de ontem, ele apresentou o capítulo de um livro na qual devemos usar como base em nosso trabalho sobre ética: '' Por vir da ética'', do livro ''Ética com amor-próprio'' de Fernando Savater.
Fiquei com um ciúme danado! Juro! Sempre fui assim. Lembro que no colegial, cheguei a implorar para um grupo da minha sala não tocar a música ''Greatest Story Ever Told'' do Oliver James - poucas pessoas conheciam e eu sentia uma espécie de posse pela música naquela época, ela me lembrava uma pessoa da qual eu gostava. Claro que minha súplica não foi atendida e, óbvio que tocaram a música... Mais óbvio do que isso foi a minha cara de cu virado na apresentação inteira do grupo - ainda mais quando algumas meninas começaram a perguntar o nome da música ao grupo e anotaram em seus cadernos. Argh!
Seria a mesma coisa se meu namorado chamasse outra guria qualquer - e não qualquer também! (!!!) - de ''gatinha''. Quando nós nos conhecemos, disse-me uma vez que não tinha o costume de chamar as pessoas por apelidos.
...Dei um duro danado para conseguir arrancar dele um ''tratamento'' especial, logo, só pode ser MEU!

Meu, meu, meu... Só pode ser coisa de taurino. (!)